Classica Alvalade Porto Covo Alvalade
30.Maio.2004
Por Jorge Bolachas
Atenção: Esta Crónica é para maiores de 80 anos, tem cenas fodidas
Esta cena
do Btt e andar km´s km´s em cima de um selim, que parece mais um pau que outra coisa, está a dar comigo em doido.
Quando comecei
o Btt à poucos meses (8 meses) atrás com uma bicla do continente, que pesava uns 100 kilos, nunca pensei em chegar a este
estado de maluqueira.
É
difícil de explicar a mim próprio o que me leva a querer andar cada vez quilómetros e mais quilómetros. Não é de certeza pela
competição, visto que já não tenho pedal, nem estrutura para o fazer. Deve ser certeza pela conquista de cada centímetro,
por cada curva, por cada subida, por cada descida do trilho. Sim deve ser isso. Também deve ser pelo companheirismo. Sim,
acima de tudo o companheirismo. De tantos desportos que pratico ou tento praticar, nunca vi tamanha amizade pelo companheiro
do lado.
O sofrimento
no Btt é longo e duro. Está presente em cada km que fazemos além das nossas capacidade. É o prazer do sofrimento que nos faz
chegar ao fim com um sorriso maravilha de orelha a orelha. Quando existe sofrimento, existe evolução, existe conquista. Quando
acabamos algo no BTT somos heróis. Heróis por termos conquistado a montanha ou de ter papado aqueles km´s loucos que alguém
nos indicou para os fazer.
Na montanha
ou na planície ou em ambas, só somos nós e a natureza, nada mais. As nossas pernas é o nosso motor e a bicicleta a nossa liberdade.
É curioso
que as sensações variam de passeio para passeio.
Na Clássica
Alvadade Porto Covo Alvadade, as sensações foram estranhas. Sentia-me muito bem fisicamente e psicologicamente. A partida
como sempre foi de loucos. Os primeiros 10 km´s foram rolados à velocidade média de 23 km´s hora. Os trilhos iniciais eram
parecidos com os da Aldeia Velha. Chaparros enormes, mas a grande diferença era no piso, com muita areia. Realmente não gostei
mesmo nada. Cortava o pedal todo e deixava-me com um sentimento de perca, como que quisesse evoluir e alguém me agarrava nas
rodas.
O ritmo
a partir dos 15 km´s abrandou bastante, o meu companheiro das bikes não estava muito bem fisicamente e começamos a rolar a
um ritmo mais moderado, caindo a média para os 16 km/h. Acabando por ser assim até Porto Covo.
O que me
fez ficar com o Luis e não partir para os 120 km´s com o pedal no máximo?, visto que o Luis sempre me disse para me ir embora.
Talvez seja mesmo isso que gosto do BTT. É o sentimento de cumplicidade aguda que existe nestas Maratona/Passeios. O saber
que existe alguém que precisa de ti ou que vais precisar de alguém é simplesmente fabulástico. Em Portalegre foi o Hélder
que me ajudou, se não fosse ele de certeza teria desistido ou chegado muito mais tarde.
Existe sempre
alguém que está melhor naquela dia e sabemos que esse alguém me vai ajudar a ser herói por um segundo (quando chegamos ao
fim).
Quando chegamos
a Porto Covo e colocamos as Bikes em cima da carrinha sabia que o passeio tinha acabado ali, não apetecia fazer os restantes
km´s sozinho, não me apetecia mesmo. Poderia acabar o passeio e sentir-me bem comigo próprio, mas e depois???, com quem falava
sobre esses sentimentos, com quem partilhá-los?
Acho que
estou a crescer - que merda -
Desculpem
lá esta crónica completamente fora daquilo que escrevo, mas fodasse estava-me à apetecer.
Agradecimentos
muito especiais:
Ao
meu amigo Luis por estar presente, sem ele eu não iria
Ao
Bacalhau, o baril que me encontro o meu JONAS (gps)
Ao
Luis e ao Nuno (Furas) que nos acompanharam por muitos km´s
Ao
baril condutor do camião que nos transportou até Alvalade
Á
Organização que achei quase perfeita, menos na meta de chagar. Foram todos comer um caracóis, né? Não estava lá ninguem.
Ao
papel higiénico que estava na casa de banho quando foi lá mandar uma fax.
Aos
milhares de pessoas que me aplaudiram enquanto passava junta a elas a cantar a canção do Verão Azul
Ao
Mar por pertenceres a este maravilhoso e merdoso Pais
A
Porto Covo, uma das minhas vistas preferidas.
A
todos os Bttistas e seus familiares, amigos e cunhados
A
quem eu não quero agradecer:
À
areia
Pronto
já está