GR69 - Grande Rota das Aldeias Miticas

3ªEtapa














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3ªEtapa

27 Abril

Ansião - Canhestro

Tipo de Etapa: Alta Montanha

Kms: 99,2 Kms

Media: 13,8

Tempo Movimento: 6:50:03

Tempo Total: 8:50:42

 

Depois de uma noite espectacularmente bem dormida e com um belo banho de manhã, o dia prometia.

Existem pequenos pormenores que podem fazer a diferença entre ter uma boa etapa numa Grande Rota, ou uma etapa de sacrifício.

Acabei por perceber que depois do banho da etapa anterior deve-se sempre efectuar uma massagem muscular e na manhã seguinte nunca esquecer de um bom banho antes de começara a etapa. O pequeno-almoço também é de extrema importância. Outro grande pormenor é os alongamentos antes da etapa e os primeiros kms que devem ser feitos em ritmo muito baixo (aquecimento).

O dia prometia. Estava muito preocupado com esta etapa. Teria que acumular perto de 3000 metros, com subidas muito longas na Serra da Lousã. Já tinha andado nesta Serra e sabia que iria ser duro, muito duro. Os trilhos são basicamente calhaus amontoados uns nos outros, com transição muito difícil. Teria que subir até acima dos 1000 metros.

Como sempre preparei as coisas para partir às 8H30

Comecei muito lento, para aquecer. A verdade é que nos primeiros 10 kms fiquei surpreendido. Eram sem desnível e bastante rolantes. Passavam por meio de campos cultivados e até teve um single track enorme.

Mas a partir dos 10 kms, tudo se alterou. Foram kms e kms a subir. Comecei a ficar um pouco nervoso. As primeira subidas eram difíceis, sem oportunidade de recuperação. Era sempre a subir, mas depois aconteceu uma coisa maravilhosa. Os trilhos tornaram-se mais fácies e a subida era feita em formato cobra. Apesar de ser sempre a subir, os trilhos eram “limpos” e pouco técnicos. Acabou por ser fácil chegar ao parque eólico, acima dos 1000 metros. Fiquei surpreendido. Pensei, se cheguei ao ponto mais alto bem fisicamente, isto vai correr maravilhosamente bem.

Já vi muitas paisagens espectaculares, mas a Serra da Lousã e os seus “quadros” são de facto fabulásticos. Paisagens de Sonho. Parece que estamos no cimo do mundo.

Durante muitos e muitos kms, andei na cumeada da Serra, sempre junto a Eólicas.

Andei mais de 4 horas sem ver pessoas, nem casas. A verdade é que nunca senti solidão, mas sim um sentimento de paz incrível. Os meus pensamentos não iam para os problemas mecânicos, ou para os problemas fisicos, mas sim para pensamentos humanos, em que por exemplo pensava em como o silencio vale ouro e o ser humano fala demais e que muitas vezes só diz coisas estúpidas.

Esta passagem foi de facto um marco importante no GR69. Foi espectacular, o que me motivou a continuar sem problemas.

O tempo continuava instável. Estava frio e em alguns locais nevoeiro. Preocupei-me por não efectuar grandes paragens, para que o corpo não ficasse frio.

Comecei a ficar preocupado com alimentação, visto que o objectivo foi sempre almoçar numa “tasca”. Por volta das 15H, passei por uma Aldeia e fui directamente ao “restaurante”. Comi duas sandes mistas gigantes, com uma coca-cola. Acreditem que o queijo colocado na sandes, tinha um dedo de grossura e paguei só 2 euros, pelas duas sandes.

A descida da Serra da Lousã até Góis é espectacular. São muitos quilómetros de puro prazer. A descida é lenta e nem se dá por ela.

A temperatura começou a subir à medida que descía. Ficou bem mais agradável.

Cheguei a Góis muito bem fisicamente. Fiquei um pouco espantado, visto que a etapa era difícil e ali de certo já trazia mais de 2000 metros de acumulado.

Para animar a parte final da etapa tinha que subir até aos 600 metros e descer para Arganil. Foi a parte mais difícil da etapa, mas não sei se foi pela motivação, ou pelo treino que tinha trazido para o GR69, acabei por efectuar toda a subida, que era agressiva, montado e com uma boa média.

Quando comecei a descer para Arganil, já estava com um sorriso de orelha a orelha. Aqueles trilhos já eu conhecia e senti-me quase em casa.

Em Arganil aproveitei e fui comer 2 pasteis de nata míticos, feitos por uma Pastelaria famosa lá da zona.

Era curioso como toda as pessoas olhavam para a bike e principalmente para o Dorsal.

Algumas pessoas acabavam por meter conversa comigo e questionavam se era possível.

Algumas outras desejavam felicidades e que a viagem continuasse sem problemas. É agradável quando andamos sozinhos tanto tempo, uma palavra de ânimo.

Ainda faltavam 11 kms para chegar ao Canhestro. Mas conhecia bem os trilhos e sabia como os conquistar. Apesar de sempre a subir, rapidamente cheguei ao destino da 3ªetapa.

Sentia-me muito feliz, porque a primeira parte da Grande Rota estava feita e não apresentava problemas físicos ou mecânicos. Era um dia especial. Tinha conseguido fazer de bicicleta de minha casa (Almada/Feijó) até à casa onde a minha mãe tinha nascido (Canhestro/Arganil).

Esta foi de facto a melhor etapa do GR69. Onde me senti melhor e aproveitei ao máximo toda a grandeza dos quase 100 kms que percorri.

Cheguei às 17H20. Depois fui tomar banho, lavar a roupa, jantar, ouvir um som e dormir.    

 

Notas:

Pequeno: Almoço: Sandes Marmelada, Bananas e Néctar Pêssego

Almoço: 2 Sandes Mistas

Jantar: Febras

Barras consumidas durante o dia: 6

Agua consumida durante o dia: 6 litros